Na tarde do último domingo, 29/01, o seminário “Cultura e Sustentabilidade – Rumo à Rio+20″, realizado na Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre, teve foco na economia criativa, com a mesa “A dimensão econômica do desenvolvimento cultural”, que contou com a participação da secretária da Economia Criativa* do Ministério da Cultura, Cláudia Leitão, da especialista em economia criativa e desenvolvimento sustentável, Lala Deheinzelin, e do economista Leandro Valiati.
“A economia brasileira precisa de um novo eixo que deve ser a nossa diversidade. É necessário religar os conhecimentos. Entender os limites entre o que é institucional e o que está em movimento, como a cultura”, declarou Cláudia Leitão. Para a secretária do MinC, é preciso introduzir um novo olhar para o desenvolvimento sustentável e mapear os indicadores da economia criativa, que gera cerca de 6% do PIB do país. Cláudia lembrou que nesta segunda-feira, 30, o MinC promove junto ao IBGE uma oficina para construção da conta-satélite da Cultura, que irá aferir os números do setor.
Lala Deheinzelin destacou que “os bens intangíveis não se esgotam com o uso, mas se renovam, o que mostra o papel estratégico da economia criativa”. A sustentabilidade deve considerar o tempo, pensar o passado, o presente e o futuro e este século é um canal de enormes mudanças, onde a cultura da sustentabilidade passa pelo intangível e não se reduz as questões ligadas ao meio ambiente. “Nós da cultura criamos mentalidades e hábitos. Somos o bolo e não só a cereja”.
“É necessário transformar o crescimento brasileiro em desenvolvimento”, afirmou, Leandro Valiati. O economista explicou que o bem estar econômico tem relação direta com o consumo cultural e não somente com emprego e renda. Para ele, a economia da cultura e criativa estão cheias de canais de inovação. Valiati pontuou que é necessário garantir que as gerações futuras tenham um nível de bem estar com a cultura do país.
Para encerrar o seminário, a mesa “Diversidade e Sustentabilidade” recebeu o secretário de Políticas Culturais do MinC, Sergio Mamberti e Justo Werlang, membro do Conselho da Fundação Gaia, de Porto Alegre. A secretária de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, Jussara Cony, convidada a compor a mesa, não pôde comparecer ao seminário.
Justo iniciou sua fala apresentando o trabalho da Fundação e levou a discussão para as questões de recepção da arte e de sua produção: “o pensamento presente na gênese do trabalho artístico é que entrelaça a arte e a sustentabilidade”. Ao fazer uma análise de obras apresentadas de artistas plásticos, ele pensou o ato de criação inserido na lógica do pensamento sustentável.
O secretário Sergio Mamberti ressaltou a importância do Fórum Social Temático, pelo aprofundamento das discussões em relação à cultura, tendo em pauta tema como a própria informação como dimensão importante da cultura, sempre ameaçada, segundo Mamberti, pelos processos hegemônicos. “somente a dimensão da cultura pode propriciar o pensamento de uma nova sociedade”, disse.
Mamberti optou por um discurso otimista quanto às transformações que eventos como a Rio+20 suscitam na sociedade, apontando para o futuro: “estou convencido de que a cultura é o elemento crucial da sustentabilidade, concretizador do processo de mudança. Juntos poderemos mudar as coisas. O caminho é longo, mas temos de acreditar que podemos construir um mundo diferente, onde o Homem possa ser feliz”, continuou.
No encerramento do seminário, o secretário-executivo do MInC, Vitor Ortiz, fez um balanço das mesas e agradeceu ao grande público que prestigiou o evento. Segundo Ortiz, será ampliada a posição de todos os países do continente na contribuição do debate da Rio+20: “lá nós poderemos dar uma excelente contribuição para reforçar o papel da cultura. Que o debate ultrapasse as fronteiras do Brasil. A opinião dos países do Mercosul e outros países da América Latina será considerada na discussão sobre o tema”.
Fonte: Ministério da Cultura
(Texto: Sheila Rezende, com colaboração de Leonardo Menezes – Ascom/MinC)
(Fotos: Luiz Tadeu – Ascom/MinC)