sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Lixo eletrônico: consumidores fazem toda diferença


Foto: Gentil Barreira

Painel promovido pela USP e pelo Massachusetts Institute of Technology reuniu pesquisadores, especialistas em gestão ambiental e representantes da indústria da informática e apontou a educação e a responsabilidade compartilhada como imprescindíveis para a solução do problema

Por Manoella Oliveira
Planeta Sustentável

O Brasil não dispõe de uma legislação federal para o descarte correto de lixo eletrônico, por isso uma montanha imensurável de baterias de celular, televisões, computadores, pilhas, aparelhos de celular e outros eletrônicos obsoletos, cuja vida útil é cada vez menor, ronda a população, trazendo prejuízos para o meio ambiente e para a saúde pública.

O troca-troca não se dá apenas pelas deficiências do equipamento que surgem em função do tempo de uso, mas muitas vezes, por pura vaidade, ou seja, para que o consumidor possa exibir um aparelho com design mais moderno. E isso é, especialmente, verdade quando o produto em questão são os celulares. Em 2007, foram 21 milhões de vendas de uma mercadoria com tempo de uso médio de um ano e meio.

Os números alarmaram 14 estados do país que se esforçam para criar leis e concentrar ações. Enquanto os projetos estão em trâmite, os usuários devem se adiantar e se informar sobre o melhor manejo de sua sucata digital e a mídia deve divulgar os problemas advindos das circunstâncias mal resolvidas oriundas de um lixo de descarte mais complexo.

É isso que pensam os especialistas presentes no painel sobre o tema, promovido, no início deste ano, pelo CCE-USP - Centro de Computação Eletrônica da USP - em parceria com o MIT - Massachusetts Institute of Technology – representado por cinco pesquisadores: Adnan Shahid (Paquistão), Carlos Brovarone (Argentina), Frederic Giraut (França), Peter Klement (Alemanha) e Antoinne Machal Cajigas (Porto Rico).

Computadores verdes
Outra instrução, levantada pelo paquistanês Adnan Shahid, é a opção pelos computadores verdes. Como não existe um selo padrão nacional, o pesquisador aconselha que os consumidores procurem saber sobre qual a porcentagem reciclável do computador, se o fabricante se compromete a recolhê-lo e encaminhá-lo para a reciclagem, ao fim de sua vida útil, se ele economiza energia e se contém chumbo, entre outros critérios.

“Já existe solda sem chumbo, máquinas com maior eficiência energética, que oferecem menor risco para a saúde, com mais materiais recicláveis, placa-mãe de fácil manuseio e processo de reciclagem mais completos. Cabe ao consumidor a decisão de compra e isso pressiona os fabricantes”, afirmou. Para simplificar o trabalho, procurar pelo ISO 14001 de gestão ambiental e pelo ISO 9001 de qualidade também é uma boa opção.

Itautec e Dell são empresas que reciclam. A primeira verticalizou o processo: separa e destina para empresas homologadas e constatou que a valorização de um desktop vendido desmontado é de 140% em relação a ele desmontado. No caso do notebook, esse percentual sobe para 245%, mesmo assim o sistema não dá margem para a Itautec – e nem é esse o objetivo.

Outra boa solução é entregar as máquinas aos seus fabricantes, já que algumas empresas oferecem esse serviço. Por isso, foi consenso entre os presentes destacar que o mercado informal de máquinas passou de 73% em 2004 para 47% em 2007.

Outro ponto positivo diz respeito aos cuidados com a saúde. Estima-se que sejam vendidas 1200 milhões de pilhas ao ano, das quais 800 milhões são certificadas, ou seja, contém 0,02 mg de mercúrio. Por outro lado, as falsificadas apresentam 80 mg de mercúrio.

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