sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O fim dos oceanos

Foto: Leo Kaswiner

Pescamos demais. Poluímos demais. Navegamos demais. E nem fazemos idéia do estrago que causamos nos mares


Por Claudia Carmello

Você nunca brincou de colocar uma concha no ouvido e ficar curtindo o barulho do mar, as ondas, a calmaria? Hoje seria bem mais realista colocar seu iPod no ouvido – e no volume máximo. Isso, sim, se aproxima do som que o oceano produz para boa parte das criaturas que vivem dentro dele. Um navio de carga emite, pelo estouro das bolhas que seus propulsores criam na água, ruídos de 150 a 195 decibéis. Imagine então o barulho produzido por 100 mil cargueiros que cruzam os mares durante o ano inteiro!

Os oceanos são 70% da superfície do planeta. Segundo a ONU, os mares estão em ruínas porque pescamos demais, produzimos lixo, gases do efeito estufa e esgoto demais e bagunçamos os ecossistemas. Ultimamente, aprendemos a pensar que o oceano está trasbordando de tanta água. Mas está acontecendo o contrário: ele está esvaziando, perdendo vida.

A próxima fronteira
Conhecemos melhor o solo da Lua do que o fundo do mar, dizem os ecologistas. Nossa última fronteira são as águas profundas: entre 200 e 7 mil metros submarinos. Elas são 90% do volume dos oceanos e podem abrigar até 100 milhões de espécies – mais do que em todo o resto do planeta. A essa profundidade, não há luz para sustentar o fitoplâncton. Portanto, só animais e bactérias circulam. Até os 1 000 metros ainda há um lusco-fusco. Abaixo disso, a escuridão é total.

Seres muito estranhos
As criaturas monstrengas das profundezas têm dentes ou olhos desproporcionais, protuberâncias que brilham no escuro, dimensões assustadoras – um tipo de água-viva chega a 40 metros de comprimento! Vivem muito tempo e deslocam-se e reproduzem-se com mais lentidão que os de superfície – por isso suas populações sofrem muito mais impacto com a sobrepesca. Já comemos animais dessas profundezas. Por exemplo, o feioso olho-de-vidro, que nada a até 1 800 metros de profundidade, vive 150 anos e não procria antes dos 30 – por isso pescá-lo comercialmente é tão pouco sustentável.

As fazendas marinhas
Uma solução encontrada para amenizar o declínio dos estoques de pesca é a aquicultura, as fazendas marinhas. Bem manejadas, as fazendas marinhas podem até aliviar a pressão sobre o oceano. Delas já saem 30% dos frutos do mar que comemos. No Brasil, os criadores de camarão desmatam e poluem imensas áreas de mangues preservados. Criadouros de salmão do Canadá sofreram uma explosão de parasitas que infestou o mar aberto e as populações selvagens.

Um comentário:

Anônimo disse...

Este blog é um belo achado. Excelente informações aqui. Acho que educação ambiental deve ser trabalhada com mais ênfase nas escolas e a questão do meio ambientem merece pautas mais sérias por parte de nossos governantes.

Aqui no litoral norte, próximo a Salvador, há muitos empreendimentos imobiliários que estão destruindo mangues e adivinhe para onde irão os esgotos...

E na Baía de Todos os Santos ainda há muitos pescadores usando bombas para pescar.

São apenas alguns exemplos do que acontecem pelo litoral baiano.

abs e parabéns pelo blog.