terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Cultura e Sustentabilidade


Na tarde do último domingo, 29/01, o seminário “Cultura e Sustentabilidade – Rumo à Rio+20″, realizado na Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre, teve foco na economia criativa, com a mesa “A dimensão econômica do desenvolvimento cultural”, que contou com a participação da secretária da Economia Criativa* do Ministério da Cultura, Cláudia Leitão, da especialista em economia criativa e desenvolvimento sustentável, Lala Deheinzelin, e do economista Leandro Valiati.

“A economia brasileira precisa de um novo eixo que deve ser a nossa diversidade. É necessário religar os conhecimentos. Entender os limites entre o que é institucional e o que está em movimento, como a cultura”, declarou Cláudia Leitão. Para a secretária do MinC, é preciso introduzir um novo olhar para o desenvolvimento sustentável e mapear os indicadores da economia criativa, que gera cerca de 6% do PIB do país. Cláudia lembrou que nesta segunda-feira, 30, o MinC promove junto ao IBGE uma oficina para construção da conta-satélite da Cultura, que irá aferir os números do setor.

Lala Deheinzelin destacou que “os bens intangíveis não se esgotam com o uso, mas se renovam, o que mostra o papel estratégico da economia criativa”. A sustentabilidade deve considerar o tempo, pensar o passado, o presente e o futuro e este século é um canal de enormes mudanças, onde a cultura da sustentabilidade passa pelo intangível e não se reduz as questões ligadas ao meio ambiente. “Nós da cultura criamos mentalidades e hábitos. Somos o bolo e não só a cereja”.

“É necessário transformar o crescimento brasileiro em desenvolvimento”, afirmou, Leandro Valiati. O economista explicou que o bem estar econômico tem relação direta com o consumo cultural e não somente com emprego e renda. Para ele, a economia da cultura e criativa estão cheias de canais de inovação. Valiati pontuou que é necessário garantir que as gerações futuras tenham um nível de bem estar com a cultura do país.

Para encerrar o seminário, a mesa “Diversidade e Sustentabilidade” recebeu o secretário de Políticas Culturais do MinC, Sergio Mamberti e Justo Werlang, membro do Conselho da Fundação Gaia, de Porto Alegre. A secretária de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, Jussara Cony, convidada a compor a mesa, não pôde comparecer ao seminário.

Justo iniciou sua fala apresentando o trabalho da Fundação e levou a discussão para as questões de recepção da arte e de sua produção: “o pensamento presente na gênese do trabalho artístico é que entrelaça a arte e a sustentabilidade”. Ao fazer uma análise de obras apresentadas de artistas plásticos, ele pensou o ato de criação inserido na lógica do pensamento sustentável.

O secretário Sergio Mamberti ressaltou a importância do Fórum Social Temático, pelo aprofundamento das discussões em relação à cultura, tendo em pauta tema como a própria informação como dimensão importante da cultura, sempre ameaçada, segundo Mamberti, pelos processos hegemônicos. “somente a dimensão da cultura pode propriciar o pensamento de uma nova sociedade”, disse.

Mamberti optou por um discurso otimista quanto às transformações que eventos como a Rio+20 suscitam na sociedade, apontando para o futuro: “estou convencido de que a cultura é o elemento crucial da sustentabilidade, concretizador do processo de mudança. Juntos poderemos mudar as coisas. O caminho é longo, mas temos de acreditar que podemos construir um mundo diferente, onde o Homem possa ser feliz”, continuou.

No encerramento do seminário, o secretário-executivo do MInC, Vitor Ortiz, fez um balanço das mesas e agradeceu ao grande público que prestigiou o evento. Segundo Ortiz, será ampliada a posição de todos os países do continente na contribuição do debate da Rio+20: “lá nós poderemos dar uma excelente contribuição para reforçar o papel da cultura. Que o debate ultrapasse as fronteiras do Brasil. A opinião dos países do Mercosul e outros países da América Latina será considerada na discussão sobre o tema”.

* em estruturação

Fonte: Ministério da Cultura
(Texto: Sheila Rezende, com colaboração de Leonardo Menezes – Ascom/MinC)
(Fotos: Luiz Tadeu – Ascom/MinC)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O que jogamos no esgoto?


Em setembro do ano passado, a revista Super Interessante divulgou os objetos mais esdrúxulos que desceram pelo ralo das pias e banheiros das residências de São Paulo em 2011. O levantamento, realizado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (a Sabesp), pode ser ouvido no site da companhia. Tanto lixo foi jogado pelo esgoto que, entre janeiro de 2007 e janeiro de 2011, o sistema sofreu em média 3 paralisações por mês.

Entre os objetos encontrados, os mais comuns foram resíduos de poeira, fibras e fiapos e pedaços de tecido e plástico. Não só isso: restos de cozinha como vegetais e carne entupiram os filtros de tratamento diversas vezes, além de camisinhas e cápsulas de drogas. Entre as maiores bizarrices, estavam uma boneca de plástico, chinelos de borracha, embalagens de pasta de dente, cuecas, meias e afins. Para os trabalhadores da estação de tratamento, é um mistério como alguns dos itens conseguiram descer pelos canos de descarga.

A primeira constatação que podemos fazer desse levantamento é a de que pias e lixeiras andam sendo muito confundidas no Brasil. A segunda é que as estranhezas despejadas descarga abaixo escondem dois poluentes muito comuns que qualquer de nós pode acabar jogando na rede de esgotos.

O primeiro deles são as embalagens plásticas. Els estão em todo lugar, envolvendo biscoitos, barrinha de cereal, feijão, café e uma infinidade de outros produtos. Por isso são encontradas com facilidade poluindo rios, matas e bueiros. Como são impermeáveis, elas impedem que a água passe pelos canos e escoadouros. O volume desse tipo de resíduo jogado na rua contribui significativamente para a obstrução das saídas de água, causando enchentes e inundações em grandes centros urbanos.

Outro resíduo que muitas vezes despejamos na pia sem pensar duas vezes é o óleo de cozinha. Quando entra nos canos, o óleo inicia um processo de ressecamento comum à sua degradação. Mas isso faz com que ele se transforme em pedrinhas, que entopem os filtros de tratamento. Mesmo quando não ocorre essa desidratação, o óleo não se mistura com a água e pode vir a desaguar em rios e mares com o esgoto, prejudicando a vida marinha.

Atitudes simples como jogar lixo nas ruas e derramar óleo de cozinha na pia podem causar uma cadeia de eventos que contribuem para o desequilíbrio natural dentro de grandes cidades. 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

2012: Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos


Sem acesso à energia sustentável, não pode haver um desenvolvimento sustentável. Um em cada cinco habitantes do planeta ainda não possui acesso à eletricidade. O dobro desse número, 3 bilhões de pessoas, dependem da queima de madeira, carvão ou restos de animais para cozinhar e se aquecer. Enquanto isso, países industrializados encaram o problema do desperdício. Ao invés de carência, existe o uso ineficiente da energia. Além disso, a dependência excessiva de combustíveis fósseis contribui significativamente para o aquecimento do planeta.

A chave para os dois desafios é prover energia sustentável para todos- energia acessível, limpa e mais eficiente. Para chamar a atenção da população mundial para este problema e, assim, fomentar ações que possam ajudar a mudar essa realidade, a ONU – Organização das Nações Unidas proclamou que 2012 será o Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos. 

A iniciativa faz parte do programa Sustainable Energy for All (Energia Sustentável Para Todos), comandada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. O programa busca, através de parcerias com governos mundiais, ONGs e iniciativa privada, cumprir três objetivos principais:
  • Assegurar que todos tenham acesso aos serviços de energia modernos.
  • Reduzir em 40% a intensidade energética global. 
  • Aumentar em 30% o uso de energias renováveis em todo o mundo.
Qualquer um pode acessar o site da iniciativa e propor ações locais e globais que promovam a universalização da energia sustentável. Você também pode acessar o calendário de eventos da ONU para o Ano Internacional da Energia Sustentável.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

2011


2011 foi um ano inquieto para o Planeta Terra. Um ano que nos fez lembrar que a natureza existe, ao redor das grandes cidades, e pode se levantar a qualquer momento. Mas também foi um ano de resistência, luta e união pelo meio ambiente. De um lado, fomos assolados por diversas catástrofes naturais: terremotos na Nova Zelândia e na Índia, a massiva tsunami no Japão, inundações em várias cidades da Austrália, Estados Unidos, Tailândia e Brasil. Do outro lado, tivemos ações conscientes de governos e pessoas para recuperar o planeta e conscientizar populações sobre pequenas ações que podem salvar o mundo.

Parte dessas ações aconteceram na Conferência Climática da ONU, realizada em Durban, na África do Sul. Representantes das mais de 190 nações presentes concordaram em participar do Fundo Verde, sendo a Coreia do Sul o primeiro país a aceitar investir capital para proporcionar o desenvolvimento sustentável dos países emergentes. A Conferência também debateu o Protocolo de Kyoto, que deveria, em tese, terminar em 2012. Foi decidido o adiamento do prazo e a aceitação da proposta de que nos próximos anos todos os países sejam obrigados a cumprir metas de redução nas emissões, para evitar que a temperatura global suba além do esperado.

O sucesso diplomático da Conferência é um bom sinal para o Rio+20, o grande encontro de Sustentabilidade que terá lugar no Brasil este ano.

Ainda no campo das leis, pequenas e grandes medidas foram tomadas para controlar abusos ambientais. A Chevro, por exemplo, foi multada em 9,5 bilhões de dólares pelo Governo do Equador, como punição para um vazamento de óleo na Amazônia. A medida serve como exemplo para outras empresas que cometam crimes ambientais. Da mesma maneira, as empresas japonesas responsáveis pelas usinas nucleares que falharam após o terremoto em março do ano passado, estão sob cuidadosa investigação. Além da possibilidade de falhas técnicas, estuda-se uma regulamentação mais severa para o uso de energia nuclear no país. E no Brasil, a prefeitura de São Paulo aprovou a lei que proíbe o uso de sacolas plásticas descartáveis no comércio, a partir deste ano. A lei estimula o uso de sacolas reutilizáveis e prevê uma diminuição de 600 milhões de sacolas por mês.

Por outro lado, pesquisas científicas das mais diversas se desenvolvem visando a diminuir o consumo de combustíveis fósseis. Desde o biocombustível, vastamente regulado em 2011, até uma curiosa pesquisa na Holanda, que pretende utilizar ciclovias para a geração de energia elétrica. O projeto da Organização Holandesa de Pesquisa Científica Aplicada (TNO) e a empresa de tecnologia Imtech está sendo implantada na cidade Krommenie, localizada a 20 km de Amsterdã, e deve produzir 50kWh de energia por metro quadrado a cada ano. Enquanto os debates sobre Belo Monte se desenrolam no Brasil, diversos países tem buscado soluções alternativas para a crise energética.

E por tudo isso, podemos olhar 2012 com mais esperança. A ação humana ainda não encontrou soluções concretas para o problema ambiental, mas, pouco a pouco, através da conscientização e da mudança de conceitos, estamos pavimentando um futuro mais sustentável. Não à toa, 2012 foi declarado pela ONU o Ano Internacional de Energia Sustentável para Todos. E que venha o Rio+20!